Jacareí,
22 de fevereiro de 2012.
Ao Jornal “O VALE”
Prezados Senhores,
A União Federal de Umbanda e Candomblé do Brasil com sede na Rua
Princesa Anne de Bourbon, nº 150, bairro Parque dos Príncipes, em Jacareí – SP,
neste ato representada por seu presidente, Senhor Sebastião Aparecido Oliveira, brasileiro, casado, da indústria,
portador da Cédula de Identidade RG 19751513 , SSP/SP, que esta subscreve, vem a presença de Vossas
Senhorias, com o devido respeito, expor e requerer o quanto segue:
Esse conceituado jornal publicou em sua edição
de domingo, que circulou no dia 05 de
fevereiro de 2012, a seguinte matéria:
Macumba: “A Câmara de
Jacareí retoma na próxima terça-feira as sessões ordinárias com dois projetos
do Executivo e uma proposta do vereador Itamar Alves (PDT) que transforma o Dia da Macumba em Dia Municipal
das Religiões Afro-Brasileiras” (Grifamos)
No entanto, a matéria
veiculada não condiz com a verdade jornalística, costumeira e de praxe
utilizada por este conceituado periódico, como se esclarece a seguir:
Na real verdade dos fatos,
no dia quinze de novembro, comemora-se o DIA
DA UMBANDA, como bem claro está na legislação municipal de Jacareí e
não o DIA DA MACUMBA, como
publicado na edição jornalística, já citada.
Por outro lado, entre o
termo UMBANDA e MACUMBA, há uma extrema e larga distinção, como se esclarece:
UMBANDA:
Seguimento religioso,
espiritualista, criado em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes.
Porém, antes da data
acima, já havia, de fato, o trabalho de espiritualidade, assim como religiões
ou simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam
incorporações espirituais e louvores aos Orixás.
No entanto, foi o médium
Zélio que organizou uma religião com
rituais e contornos bem definidos à qual se deu o nome de UMBANDA.
Nesta época, não havia
liberdade religiosa e todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais
afros eram perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos.
Em 1945, José Álvares
Pessoa, dirigente de uma das sete casas de Umbanda fundadas inicialmente, obteve junto ao Congresso Nacional a
legalização da prática da UMBANDA.
Genericamente, denomina-se
de UMBANDA o conjunto de bases
doutrinárias e práticas ritualísticas, existente predominantemente no Brasil,
em que os praticantes médiuns mantêm contato, pelo fenômeno espiritual de
incorporação, com entidades ou seres espirituais desencarnados, que procuram
atender e auxiliar os consulentes dos templos, também chamados terreiros ou
tendas.
A UMBANDA é uma religião de cunho espiritualista, mediúnica, que
agrega elementos de bases africanas,indígenas (Caboclos), que recebeu
influência oriental (indiana, inerente à reencarnação, o kharma e o dharma), e
adquiriu elementos do cristianismo (judaísmo) como a caridade, o auxílio ao
próximo e outros ditos por Jesus Cristo que no sincretismo religioso
(associação dos Santos Católicos aos Orixás africanos) consideramos como o
Orixá Oxalá.
MACUMBA:
A primeira definição de MACUMBA
que se encontra em qualquer dicionário é de: antigo instrumento
musical de percussão,
espécie de reco-reco, de origem africana, que dá um som de rapa (rascante); e Macumbeiro é o tocador desse instrumento.
MACUMBA é também, uma espécie de árvore
africana, além de ser também um instrumento musical utilizado em cerimônias de
religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda.
O termo, porém, acabou se
tornando uma forma pejorativa de se referir a essas religiões e, sobretudo, aos
despachos feitos por alguns seguidores.
Portanto, MACUMBA,
na acepção popular do vocábulo, é mais ligada ao emprego do ebó,
feitiço, "despacho", coisa-feita, mironga, mandinga, muamba;
Assim, note-se que é usada
no sentido pejorativo para se referir ao Candomblé ou à Umbanda, tal como, com o devido respeito,
quando se dirigem a católicos chamando-os de “papa ósteas”, “ratos de
sacristias” ou “viventes da barra da
saia do padre” dentre outros ou a evangélicos como “utilitários de Bíblia como desodorante”;
Pejorativo: Insulto ou ofensa é
uma forma de violência
verbal, em que
geralmente o agressor se utiliza de palavras - verdadeiras ou não, com exageros
ou não que visam humilhar de alguma forma ou atingir um ponto-fraco da vítima.
Por todo o exposto, fica
claro e cristalino que toda a comunidade UMBANDISTA
se sentiu ofendida, humilhada, mal tratada, desrespeitada, envergonhada e
em situação vexatória pelo equívoco praticado por este conceituado periódico.
Acreditamos fielmente que
este conceituado jornal não teve em momento algum a intenção ou interesse de
ofender, mal tratar, humilhar, desrespeitar, envergonhar ou expor a comunidade
umbandista em situação vexatória, bem como acreditamos que não o faria com
nenhuma outra religião ou qualquer outro cidadão de bem de nossa sociedade.
Mas, com intenção e
interesse ou não, o certo é que a comunidade UMBANDISTA se sentiu e ainda se sente envergonhada, humilhada, mal
tratada, desrespeitada, e
em situação vexatória, pela errônea publicação veiculada e publicada, talvez,
por equívoco, o qual deve e merece ser reparado.
Por todo o exposto, com o
devido respeito que este conceituado jornal merece e, acreditando sempre na
idoneidade, moralidade, bom caratismo e respeito deste periódico, bem como de
toda a nossa imprensa nacional, a comunidade UMBANDISTA, por seu representante legal que esta subscreve, requer
a
Vossas Senhorias, a
retratação da matéria jornalística veiculada, já citada, retificando-a e
publicando outro texto em seu lugar, a ser publicado na próxima edição deste
jornal, onde
se retrate a verdadeira
religião UMBANDISTA e confira aos
seus adeptos o seu devido respeito e consideração como
este merece.
Certo do bom entendimento
de Vossas Senhorias, bem como do pronto atendimento ao acima requerido, desde
já agradecemos e colocamo-nos à disposição para quaisquer outros
esclarecimentos necessários.
Atenciosamente,
______________________
Sebastião
Aparecido Oliveira.
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